18 de outubro de 2005

Pecado capital

Se eu não tivesse versos mas certezas
e tu não fosses perpendicular aos meus desejos
talvez não desenhasses com a língua
estranhas circunferências nos meus beijos
e as nossas vidas fossem paralelas.

Se eu pudesse trocar o nome de cada rua
sem deixar um caminho ou uma direcção
talvez tu te perdesses do meu corpo
e eu ficasse a salvo do ardor do teu orgasmo
e da intensidade da sua convulsão.

E talvez se eu fosse outra e cedesse sem luta
e te intrigasse menos e te lambesse mais
sumisses para sempre e levasses contigo
o teu hálito nu e o meu pecado antigo
transcrito num código de ondas vaginais.

1 comentário:

Raquel Pessoa disse...

gostei muito, um poema pujante, sim senhora!!!!