6 de abril de 2009

Cantiga

Dou-te o riso e as sardas do rosto
os meus gestos, os meus beijos
o seu ritmo e o seu gosto.
Dou-me inteira e aos pedaços
os meus pés e os meus passos
para que tracemos juntos
em pegadas na areia
um caminho partilhado.
Tu navio. Eu sereia.

Dou-te o cargo, o ofício, o posto
de meu dono e camarada
e o ventre, o colo, o encosto
e a minha pele salgada.
Sei que é pouco para te dar
(letras, falências e mágoa)
mas queria ter-te a cantar.
Tu meu universo de água.
Eu tua estrela-do-mar.