18 de outubro de 2005

Quando eu morrer...

Quando eu morrer talvez
passem os passantes com a mesma pressa
fira o sol com o mesmo raio a mesma pedra
e me ames ainda como na primeira vez
sofregamente nessa maneira tão tua
de me vestires de beijos na nudez.

Talvez, quando eu morrer
dancem as árvores indolentes ao som do mesmo vento
talvez se amem os amantes um momento
e imutável permaneça o teu sorriso.

Quero abraçar a morte no mesmo abraço
tocá-la e ver nela o traço
do teu rosto, do teu corpo que desejo
trocar com ela o teu beijo
longo, lento, quente
para sentir que ainda vivo
no verde maresia dos teus olhos
a afogar-me nos teus dedos, mar ardente

Sentir o teu calor quando morta, muda, fria.

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